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O consumidor jamais é informado se o título (positivo) da notícia virou realidade. Tampouco se explica por quê substâncias nocivas à saúde pública proibidas em países desenvolvidos, são permitidas pela Anvisa que atua como lobista de corporações comprometendo sistematicamente a saúde da população brasileira.
Na última semana, três grandes empresas alimentícias anunciaram esforços para banir o uso de bisfenol A (BPA) de suas embalagens.
A Nestlé se comprometeu a abolir o uso da substância nos próximos três anos. Outros conglomerados -Heinz e General Mills- estão investindo em alternativas.
O bisfenol A, componente químico usado na confecção de alguns tipos de plástico e no revestimento interno de latas de comida e bebida, é contestado por organizações de consumidores e parte da comunidade científica, devido a riscos ao organismo.
Pesquisas têm associado o contato com a substância a probabilidades maiores de desenvolver doenças cardíacas, diabetes, puberdade precoce e queda da fertilidade em adultos.
No dia 28, foi publicado um estudo no periódico «Fertility and Sterility» que analisou 514 operários chineses por cinco anos. Aqueles com vestígios de BPA na urina apresentavam risco três vezes maior de produzir sêmen de pior qualidade.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
PRECAUÇÃO
Canadá, Dinamarca, França e Costa Rica já vetaram o uso de bisfenol em mamadeiras e copos infantis.
No Brasil, a Anvisa estabelece o limite de 0,6 miligrama de BPA por quilo de embalagem alimentícia. Segundo a Vigilância Sanitária, «dentro desse parâmetro, a substância não oferece risco para a saúde da população».
Mas, para a tradutora Fabiana Dupont, 39, que criou um site para alertar sobre os riscos do bisfenol A, não há certeza sobre qual nível pode ser considerado seguro.
«A utilização de BPA em embalagens alimentares tem que ser banida até que os produtores provem que ele não faz mal à saúde», diz.
Segundo endocrinologistas, nenhum estudo em humanos foi conclusivo sobre o aspecto nocivo da substância, mas há indícios de que sua composição possa causar alterações hormonais.
«A conformação é similar à do estrógeno: é possível que seja recebido no corpo como se fosse o próprio hormônio e cause efeitos como puberdade precoce e redução da fertilidade», diz Elaine
Costa, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
A Nestlé do Brasil informou que pretende seguir as diretrizes da sede e que já iniciou estudos «que visam eliminar integralmente, em
até três anos, o bisfenol das embalagens dos produtos».
Já a Coca-Cola informou que as quantidades da substância usadas em seus produtos não oferecem risco à saúde, «conforme é consenso entre agências reguladoras da área de alimentos».
RÓTULOS
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) defende a proibição do uso e, antes disso, a adoção de avisos nos rótulos de todos os produtos que contenham bisfenol A.
«Não há norma que obrigue a isso, mas temos essa posição com base no direito à informação previsto no Código do Consumidor», diz a advogada Juliana Ferreira.
No Senado, tramita projeto de lei para banir o uso do BPA em produtos infantis.
GUILHERME GENESTRETI